domingo, 21 de outubro de 2012


Sou daquelas que ainda mandam cartas. Cartas de amor, de amizade, de felicitações. Cartas que expressem sentimentos, sejam eles de alegria ou tristeza, que exprimam emoções, que falem da alma. Aquelas em que as frases não apenas contêm palavras, mas todo o sentimento que a pessoa quer transmitir.
Eu, particularmente, gosto muito de escrever e o faço com prazer. Escrevo para os amigos, para quem eu gosto e sinto vontade. Adoro guardar com palavras o meu sentimento naquele momento. Sim, também me agrada recebê-las. Não só me encanta o texto como também a letra, a cor, o formato, o papel. Gosto de poder tê-las em mãos, para poder recorrer a elas sempre que me der vontade.
Finalizo meu texto com uma poesia que amo e que fala delas, das cartas!

    "Todas as cartas de amor são
    Ridículas.
    Não seriam cartas de amor se não fossem
    Ridículas.

    Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
    Como as outras,
    Ridículas.

    As cartas de amor, se há amor,
    Têm de ser
    Ridículas.

    Mas, afinal,
    Só as criaturas que nunca escreveram
    Cartas de amor
    É que são
    Ridículas.

    Quem me dera no tempo em que escrevia
    Sem dar por isso
    Cartas de amor
    Ridículas.

    A verdade é que hoje
    As minhas memórias
    Dessas cartas de amor
    É que são
    Ridículas.

    (Todas as palavras esdrúxulas,
    Como os sentimentos esdrúxulos,
    São naturalmente
    Ridículas.)"


    Álvaro de Campos, 21-10-1935

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